
A neuroinflamação é um dos principais desafios no tratamento de lesões da medula espinhal (LME). Ela contribui significativamente para a progressão da lesão e para o comprometimento da função locomotora. Por isso, terapias que possam modular a inflamação neuronal ganham cada vez mais atenção na comunidade científica.
Recentemente, um estudo publicado na revista Neuroscience (DOI: 10.1016/j.neuroscience.2025.03.055) trouxe evidências promissoras sobre o papel de um extrato padronizado de Cannabis sativa (CSE), rico em canabidiol (CBD) e tetrahidrocanabinol (THC), na redução da neuroinflamação e na melhora da recuperação locomotora após uma lesão medular.
Como o Extrato de Cannabis Atua na Lesão Medular?
O estudo conduzido por Julián Del Core e colaboradores avaliou os efeitos desse extrato em ratos submetidos a uma LME aguda. Os resultados demonstraram que o CSE:
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Aumentou o número de células microgliais com perfil anti-inflamatório no epicentro da lesão;
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Reduziu significativamente o número de células microgliais pró-inflamatórias nas regiões afetadas;
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Diminuiu a reatividade de astrócitos na substância cinzenta, contribuindo para a manutenção da integridade neuronal;
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Modulou a expressão gênica de citocinas inflamatórias (IL-1β, TNFα, IL-6) e aumentou a expressão de marcadores anti-inflamatórios;
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Preveniu a formação de cistos e preservou maior volume de substância branca e cinzenta na fase crônica da lesão.
Impacto na Recuperação Motora
O impacto funcional também foi significativo: os ratos tratados com o extrato apresentaram melhora na performance locomotora, evidenciada por melhores pontuações em testes de campo aberto, maior resistência no teste de Rotarod e menor incidência de erros nos testes de caminhada em escada horizontal.
O Que Isso Significa para o Futuro da Medicina?
Os achados reforçam o potencial terapêutico da Cannabis sativa no controle da neuroinflamação e na recuperação de funções motoras após uma LME. Ainda são necessários mais estudos para traduzir esses resultados para a prática clínica, mas fica evidente que os canabinoides podem representar uma nova abordagem no manejo de doenças neurológicas e traumáticas.
A ciência continua a evoluir, e com ela, novas esperanças para pacientes com condições tão desafiadoras. Seguiremos atentos a novas descobertas e ao avanço dessa área fascinante da neurociência!
Fonte: Del Core, J. et al. (2025). Neuroscience. DOI: 10.1016/j.neuroscience.2025.03.055
Imagem: Gemini
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