
A cannabis medicinal (CM) tem ganhado cada vez mais espaço no cenário da saúde — impulsionada por transformações culturais, políticas e pela busca de alternativas terapêuticas eficazes. Mas quando se trata do uso em crianças, especialmente fora dos casos mais conhecidos como as síndromes de Lennox-Gastaut e Dravet, ainda temos um terreno pouco explorado e carente de evidências robustas.
Um estudo recente traz à luz um panorama importante: ele analisou, de forma retrospectiva, os prontuários de 46 crianças e adolescentes acompanhados em uma clínica ambulatorial especializada em cuidados paliativos pediátricos, nos Estados Unidos, entre 2019 e 2022.
Quem são esses pacientes?
A média de idade era de 11,7 anos. Metade tinha diagnóstico neurológico, 37% lidavam com doenças hematológicas ou oncológicas, e 13% sofriam de dor crônica. A formulação mais utilizada foi a tintura com proporção 1:1 de CBD e THC — uma combinação equilibrada entre os dois principais canabinoides da planta.
E os resultados?
A boa notícia é que houve melhora percebida em vários sintomas, com redução significativa nos dias de internação e nos custos com cuidados de saúde. Além disso, 35% dos pacientes conseguiram reduzir ou até interromper o uso de outros medicamentos — o que sugere um impacto relevante na redução da polifarmácia.
Efeitos adversos graves? Nenhum relatado.
Mas nem tudo são flores...
O estudo também apontou obstáculos reais enfrentados pelas famílias: dificuldade para encontrar o produto, burocracia para obtenção do cartão de cannabis medicinal, custo elevado e barreiras organizacionais no sistema de saúde.
Por que isso importa?
Porque mesmo em um ambiente tão delicado como os cuidados paliativos pediátricos, os dados mostram que a cannabis medicinal pode representar mais do que esperança — pode oferecer benefícios reais, com segurança e impacto positivo na qualidade de vida.
Ainda são necessários mais estudos? Sem dúvida. Mas os sinais já acendem uma luz promissora no cuidado desses pequenos pacientes e suas famílias.
Cuide-se!