
Apesar do uso de múltiplas medicações, muitos pacientes continuam com a pressão arterial descontrolada — uma condição conhecida como hipertensão resistente. Mas uma nova pesquisa publicada no respeitado New England Journal of Medicine traz boas notícias: o medicamento lorundrostat, um inibidor seletivo da enzima aldosterona sintase, mostrou-se eficaz em reduzir significativamente a pressão arterial de pacientes com esse tipo de hipertensão.
No estudo clínico Advance-HTN (NCT05769608), 285 adultos que já usavam entre dois e cinco medicamentos anti-hipertensivos foram avaliados. Após 12 semanas de tratamento, aqueles que usaram lorundrostat 50 mg/dia apresentaram uma redução média de 7,9 mmHg na pressão arterial sistólica de 24 horas, comparado ao placebo. Isso é altamente relevante, considerando que cada 10 mmHg de redução pode significar até 20% menos risco de eventos cardiovasculares maiores.
Outro ponto forte do estudo foi a representatividade: 53% dos participantes eram negros, grupo que sofre mais com hipertensão resistente e costuma ser sub-representado em pesquisas clínicas.
Quanto aos efeitos colaterais, a principal preocupação foi o aumento do potássio no sangue (hipercalemia), observado em cerca de 5% a 7% dos usuários de lorundrostat — algo que precisa de monitoramento, mas que é manejável com acompanhamento médico adequado.
A descoberta é animadora. O lorundrostat atua de forma diferente das medicações convencionais, bloqueando a produção de aldosterona na raiz, sem afetar outros hormônios das glândulas suprarrenais. Isso pode representar uma nova abordagem para pacientes que não respondem bem aos tratamentos atuais.
Se os resultados se confirmarem em estudos de fase 3, como o Launch-HTN (NCT06153693), podemos estar diante de uma importante mudança na forma como tratamos a hipertensão resistente — e com isso, salvar milhares de vidas.