
As terapias com psicodélicos estão avançando rapidamente na medicina moderna, e um dos compostos mais promissores é a dimetiltriptamina (DMT) — uma substância com efeitos antidepressivos rápidos e potentes. No entanto, seu uso clínico ainda esbarra em um desafio importante: os efeitos colaterais cardiovasculares agudos, como taquicardia e elevações significativas da pressão arterial.
Um estudo recente publicado na ACS Medicinal Chemistry Letters (2025), conduzido por Robert B. Kargbo, traz uma solução engenhosa: coadministrar DMT com betabloqueadores de ação rápida, como o esmolol, para controlar os efeitos periféricos sem afetar a ação terapêutica central do psicodélico.
O que o estudo mostrou?
A DMT, administrada por via intravenosa ou inalatória, induz aumento súbito da atividade simpática, o que pode ser perigoso para pacientes com hipertensão, doença coronariana ou outras comorbidades cardiovasculares.
Ao associá-la a betabloqueadores seletivos de curta duração, foi possível:
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Reduzir picos hipertensivos e taquicardia durante a experiência psicodélica;
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Preservar a intensidade terapêutica e subjetiva da DMT, essencial para seu efeito antidepressivo;
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Tornar o protocolo mais seguro para populações vulneráveis.
O destaque vai para o esmolol, cuja meia-vida curta (cerca de 9 minutos) e baixa penetração no sistema nervoso central permite um controle cardiovascular preciso, sem interferir na ação cerebral da DMT.
E na prática?
Essa coadministração pode viabilizar o uso da DMT em ambientes clínicos de forma mais ampla, como em sessões terapêuticas controladas para depressão resistente, transtornos de ansiedade ou dependência química. Também representa um avanço importante rumo à integração segura da psicoterapia psicodélica com a medicina tradicional.
O que esperar do futuro?
À medida que as terapias psicodélicas ganham terreno científico e regulatório, estratégias como essa — que equilibram eficácia com segurança — serão fundamentais. A interface entre psicodélicos e medicamentos cardiovasculares pode abrir caminhos promissores para protocolos personalizados, respeitando as vulnerabilidades individuais de cada paciente.
Cuide-se!