
As diferenças entre homens, mulheres e pessoas transgênero vão além da biologia reprodutiva. No contexto da Lesão Renal Aguda (LRA), essas distinções podem ter efeitos profundos sobre risco, gravidade e recuperação da função renal.
Estudos recentes apontam que hormônios sexuais como estrogênio e testosterona modulam a vulnerabilidade dos rins ao insulto agudo. O estrogênio parece exercer um efeito protetor, promovendo uma resposta anti-inflamatória, reduzindo o estresse oxidativo mitocondrial e favorecendo a regeneração tecidual. Já a testosterona tem sido associada a maior dano e pior prognóstico.
Essas diferenças não são apenas biológicas: pessoas transgênero em terapia hormonal também apresentam perfis distintos de risco para LRA, dependendo da presença ou não da hormonioterapia de afirmação de gênero (GAHT). Isso reforça a necessidade de uma abordagem inclusiva e individualizada na medicina.
Mas onde entra a cannabis medicinal nessa história?
A resposta pode estar na interação entre os fitocanabinoides (como o CBD) e os mecanismos hormonais, inflamatórios e mitocondriais envolvidos na LRA. O sistema endocanabinoide, presente no rim e em células do sistema imune, interage com receptores que também são modulados por estrogênio e testosterona. Há evidências emergentes de que o CBD pode modular inflamação, mitocôndrias e estresse oxidativo — os mesmos caminhos envolvidos nas diferenças de sexo e gênero em LRA.
Embora ainda não tenhamos estudos clínicos robustos nessa população específica, esses achados sugerem um potencial terapêutico promissor da cannabis medicinal como adjuvante no manejo de LRA — especialmente em contextos onde a resposta hormonal e inflamatória está alterada.
Ao integrar conhecimento sobre sexo, gênero e novas terapias como a cannabis medicinal, abrimos caminho para uma nefrologia mais precisa, empática e eficaz.
Seguimos atentos, observando, aprendendo e cuidando.